O presidente Lula está fazendo um bom governo, mas precisa se comunicar melhor com a sociedade. A economia está indo bem, o presidente tem boas intenções, mas o seu discurso precisa ser calibrado tanto para dentro, quanto para fora do país.
Lula precisa entender que o Brasil e o mundo mudaram. Tudo está radicalizado, mais intenso, mais fluido. Hoje, qualquer palavra mal colocada causa enormes prejuízos. Os discursos longos e de improviso são um risco desnecessário. E assessores sectários, como Celso Amorim, da área internacional, mais atrapalham do que ajudam o governo. É hora de mudar.
Para realizar o projeto de reconstrução que Lula prometeu ao país é preciso adotar um tom conciliador. Continuar polarizando com Bolsonaro ou entrar de qualquer jeito em conflitos internacionais só trazem desgastes.
Lula já governou com todo o espectro político, da extrema-esquerda à direita. Falava e todo mundo aplaudia. Hoje é diferente. Parte da sociedade está de costas para o governo e outra parte, o chamado centro, está cada vez mais de lado. Mesmo com os bons resultados econômicos, a popularidade do presidente está caindo. Tem que calibrar o discurso.
Lula precisa abrir e ampliar o diálogo com todos os setores. O presidente deve adotar uma comunicação sem improvisos, direta e objetiva. A internet precisar ser melhor explorada, por meio de vídeos curtos, linguagem simples e apresentação de resultados concretos. Assessores beligerantes devem ser afastados. E a tentação de polarizar, de provocar inimigos, de entrar em bolas divididas e inflamar apoiadores deve ser contida em nome da governabilidade e do desenvolvimento do país.
O governo está indo bem. Só precisa se comunicar direito.
Clésio Andrade
Empresário, empreendedor social, foi vice-governador de Minas Gerais, ex-senador, ex-presidente da CNT - Confederação Nacional do Transporte e fundador doSESTSENAT